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Porque comprei um controle sem alavanca agora

Por Fabio Pereira

TLDR:
- Ia comprar um controle chinês, mas não valia a pena;
- Diante da oportunidade, comprei um de fabricação local;
- Motivos da compra: Buscando experiência sem alavanca, apoiar a cena local e ter uma lembrança do Treta 2024.

    Os motivos que me levaram a fazer a compra foram três. O primeiro é que há bastante tempo estou curioso sobre a experiencia de uso de um controle sem alavanca. Vinha pesquisado modelos desse tipo e as opções mais acessíveis que tinha encontrado estavam no AliExpress. São modelos genéricos baseados no projeto de código aberto Flatbox, geralmente feitos com placas de acrílico, botões do tipo switch de teclado mecânico e que usam o firmware GP2040-CE. Estavam custando a partir de aproximadamente 200 reais, mais as taxas de importação, que somariam mais ou menos 100 reais ao preço final.

    Mas era apenas o preço que me interessava nesses controles, porque o tamanho deles me incomodava bastante: os modelos básicos medem mais ou menos 13 cm de altura por 20 cm de largura e uns 2 cm de espessura. Pra quem está acostumado com um arcade stick gigante sobre o colo, ia ser uma mudança drástica. Vi vídeos demonstrando o produto, e neles o jogador usava o controle na mesa, o que, na minha opinião, não é o ideal. E, ainda que seja possível apoiá-lo no colo, me parece bastante desconfortável por causa do seu tamanho reduzido. Queria um modelo com uma superfície maior, para apoiar melhor os pulsos e usar ele sobre o colo com conforto. Mas isso só os modelos mais caros ofereciam. Eram valores que eu não queria investir naquele momento em algo que eu não tinha certeza se ia gostar.

     Teve um momento que eu considerei construir meu próprio controle, com um gabinete improvisado e peças importadas da China. Tutoriais de YouTube fazem qualquer projeto parecer fácil. Mas eu desisti quando percebi que chegar a um produto bem acabado ia ser difícil e o processo só ia me desgastar e me frustrar. Eventualmente eu vim a saber que peças de controle arcade chinesas baratas não dão bons resultados.

    Aconteceu que eu fui no Treta 2024, aqui em Curitiba, e entre os stands que estavam lá, havia três de fabricantes locais de controles arcade. Tinha um da 3rd Round, que estava oferecendo um modelo sem alavanca com gabinete em alumínio, muito bem acabado, e que estava com um preço especial para o evento, mas que ainda era um pouco além do que eu estava disposto a pagar. Havia um stand da Revolution Sticks, mas como eles não estavam expondo nenhum modelo sem alavanca quando passei por lá, acabei não prestando muita atenção, apesar de os controles da empresa serem lindos e excelentes.

    E tinha o stand da 2nd Impact, que estava expondo modelos muito bonitos. Fui muito bem atendido pela Érica, que me mostrou um modelo de controle sem alavanca que tinha um ótimo acabamento e estava com um preço bem atrativo especialmente para o evento. Deixo bem claro que a primeira coisa que eu falei pra ela era que eu queria um modelo mais barato mesmo. Fiquei de pensar a respeito e, por pensar, eu quis dizer pesquisar no site da empresa qual era o preço normal do controle e opiniões a respeito do produto. E, realmente, o valor no evento era mais baixo que o normal. O preço que ela me passou foi 300 reais, e no site custava 70 reais a mais. Como a fabrica fica na região metropolitana de Curitiba, uma entrega por motoboy de um produto desse volume não ia sair por menos de 30 reais. Então é um cálculo simples: a economia seria de uns 100 reais. Achei justo.

    Mas acho que o que me fez me decidir a fechar a compra foi que eu estava na arquibancada vendo as competições, quando um grupo de jogadores, acredito que um time, sentou na arquibancada, puxou um notebook, ligaram um SFIII, e começaram a jogar. Um dos controles que eles estavam usando era aparentemente idêntico ao que eu estava interessado, e eles pareciam bem contentes com ele. Um dos meninos até jogava de um jeito engraçado, invertendo as mãos, com os braços cruzados, a mão direita nas direções e a esquerda nos ataques. Enfim, essa cena me convenceu, e no intervalo entre o top 8 do GGST e do SF6, voltei pro stand pra fazer a compra.

    Já falei que o primeiro motivo era meu interesse prévio em um modelo desse tipo. O segundo foi que eu queria apoiar o fabricante e a cena local. A 2nd Impact está há um bom tempo no mercado, então não é como se eles dependessem da minha compra pra manter a fábrica funcionando. Mas eu pensei: em vez de enriquecer um empresário chinês que tem preços competitivos porque usa mão de obra virtualmente escrava e porque não respeita qualquer legislação ambiental, não é melhor apoiar um fabricante nacional, e, principalmente, local? E eu também queria contribuir pro resultado comercial do evento. Além do resultado comunitário, é importante que retornos financeiros sejam percebidos, pra que todos os apoiadores sintam que vale a pena investir na comunidade e que vejam nela potencial de crescimento.

    Por último, o terceiro motivo da minha compra era que eu queria levar comigo uma lembrança do Treta. Foi uma experiência muito positiva, que eu quero manter gravada na memória. Cada vez que eu usar esse controle, vou lembrar dos grandes momentos que pude acompanhar nesse evento.

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